quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Vergílio Ferreira



Celebram-se  hoje 100 anos do nascimento deste autor crucial da língua Portuguesa. Deixamos ligações a propósito da efeméride: no jornal Público, na editora Quetzal que tem reeditado a sua obra, no jornal i e na RTP.
Eis um excelente argumento para descobrir ou reler Vergílio Ferreira.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Revisão de 2015


O ano de 2015 foi preenchido com muitas e boas leituras e, mais uma vez, a escolha dos eleitos do ano foi extremamente difícil de fazer. Há sempre livros que são excelentes mas que, como é suposto mencionar um número reduzido de títulos, ficam de fora. 

A lista dos 10 melhores:

Não posso deixar de referir ainda, das minhas leituras de autores Portugueses, os livros O Luto de Elias Gro de João Tordo, Perguntem a Sarah Gross de João Pinto Coelho e Flores de Afonso Cruz.
Uma "menção honrosa" para: A Nossa Casa é onde Está o Coração de Toni Morrison, O Meteorologista de Olivier Rolin, Por Fim de Edward StAubyn e ainda A Elizabeth Desapareceu de Emma Healey e A de Açor de Helen McDonald.

Partilhem connosco quais foram os livros de que mais gostaram em 2015.

E boas leituras!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Aquário


Li há uns anos um livro deste escritor americano do qual gostei muito ( A ilha de Caribou) e quando Aquário chegou à livraria a lembrança desta primeira leitura "obrigou-me" a pegar nele.
As dificeis relações familiares são um tema de eleição de David Vann e este livro confirma-o: a protagonista é uma menina de 12 anos cuja vida dura mas cheia de carinho junto da mãe se vê subitamente transtornada pelo aparecimento de um velho que se vem a descobrir ser o seu avô. O local de encontro de ambos é um aquário e a paixão de Caitlin, os peixes, passa a um segundo plano quando o passado da família se atravessa, num momento que é de  transformação, do fim da inocência e da descoberta da sexualidade.
Vivemos uma descida ao horror, que compreendemos e aceitamos mas que nos deixa sem ar, como um peixe fora de água.
Um escritor que recomendo, sem dúvida!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A Filha do Coveiro


Joyce Carol Oates é um dos grandes nomes da literatura Norte Americana cuja obra é ainda relativamente pouco divulgada em Portugal. Esta foi a minha primeira leitura desta autora. 
A filha do Coveiro tem como protagonista uma mulher americana, filha de emigrantes judeus alemães, nascida à chegada dos pais ao porto de Nova Iorque, e cuja infância é marcada pela incapacidade dos pais em se adaptarem a uma realidade social e económica completamente diferente daquela que era a sua na sua vida anterior.
Um coveiro, que era na origem professor de matemática e uma pianista que nunca irá aprender a falar inglês vão formar com os três filhos uma família inadaptada e incompreendida e dessa experiência ficarão marcas para toda a vida de Rebecca a filha mais nova que aqui acompanhamos.
A violência contra o que não compreendemos, contra as mulheres, a luta interior de quem quer ultrapassar toda uma vida de agruras são alguns dos pontos centrais deste romance.
Escrita poderosa e clara, num livro que sendo, para mim,a descoberta de um novo autor é uma introdução a tudo de bom que esta autora aparentemente tem feito. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Vai e Põe uma Sentinela


Harper Lee é uma autora que, apesar de até ao momento ter apenas um romance publicado, não carece de apresentação. Mataram a Cotovia é um dos clássicos da literatura do século XX e mantém-se uma leitura fascinante. 
Há uns meses foram descobertos escritos inéditos da autora e cá temos este Vai e Põe uma Sentinela a complementar a sua obra.
Com base nos mesmos protagonistas do primeiro, este novo romance,  o primeiro a ser escrito, relata o regresso a casa  de Scout, a miúda rebelde que conhecemos na infância no livro anterior.
A ação decorre nos anos 50, no Sul dos Estados Unidos, um local e uma época atravessados pelas convulsões e divisões da segregação racial e das mudanças legais recentemente introduzidas para lutar contra a mesma. A vida de Scout sofre uma reviravolta ao aperceber-se que tudo o que considerava como estável e garantido não passa de um engano.
Um belo retrato do amadurecimento de uma mulher informada e culta mas cuja história pessoal não a preparou para a encarar a realidade que a cerca.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A de Açor


Este livro deu a Helen Mcdonald o Prémio Costa 2014 e é considerado pela crítica um pouco por todo o lado um dos melhores livros de 2015.
O livro é sobre a dor da perda vivida por Helen aquando da morte do seu pai em 2007. O seu escape e refúgio é dedicar-se a treinar um açor. Ao longo de A de Açor vamos acompanhando os progressos no treino da ave mas vamos também descobrindo que as aves de rapina são uma paixão que alimenta desde os seus oito anos. Uma infância marcada pelas leituras sobre falcoaria , as quais vai descrevendo, concretamente o livro Goshawk de T.H.White, escritor inglês nascido em 1906 e mais conhecido pelas suas novelas sobre o Rei Artur.
A importância da natureza e da história (a autora é historiadora) nas nossas vidas e na suplantação da dor são aqui amplamente expostas mas a autora acaba por compreender que o mais importante na vida são os outros e a nossa relação com eles. 
O relato de um ano infernal, de quase loucura, de depressão e de aprendizagens que mudaram a vida da autora num livro de leitura compulsiva.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O Coro dos Defuntos


António Tavares venceu o Prémio Leya 2015 com este romance que nos traz o período compreendido entre a queda da cadeira de Salazar e o 25 de Abril.
O cenário é uma aldeia do interior beirão cuja população se divide entre os que trabalham o campo e os que emigraram para fugir à guerra colonial e à miséria que os rodeia. Neste meio isolado, inculto e pobre movimentam-se personagens estranhos: a avó que tem visões, o Manuel Rato que procura o seu caminho, a Chichona que os homens visitam ao fim do dia, a Olivita, que todos se habituaram a ver rodeada de santinhos, e muitos outros que como em todas as aldeias compõem um ambiente fechado em que tudo se sabe. E então chega aos poucos o progresso seja por intermédio dos que saíram e regressam, seja através da televisão ou dos jornais que o Júlio peixeiro vai deixando na taberna.
Com uma escrita depurada e repleto de termos que por terem caído em desuso ajudam a transportar-nos para a época e o local retratados, este é um livro de leitura agradável e um retrato do Portugal rural dos anos 60 e 70.
Nota ainda para o glossário existente no final do livro que é uma excelente ajuda para a leitura.