quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O Coro dos Defuntos


António Tavares venceu o Prémio Leya 2015 com este romance que nos traz o período compreendido entre a queda da cadeira de Salazar e o 25 de Abril.
O cenário é uma aldeia do interior beirão cuja população se divide entre os que trabalham o campo e os que emigraram para fugir à guerra colonial e à miséria que os rodeia. Neste meio isolado, inculto e pobre movimentam-se personagens estranhos: a avó que tem visões, o Manuel Rato que procura o seu caminho, a Chichona que os homens visitam ao fim do dia, a Olivita, que todos se habituaram a ver rodeada de santinhos, e muitos outros que como em todas as aldeias compõem um ambiente fechado em que tudo se sabe. E então chega aos poucos o progresso seja por intermédio dos que saíram e regressam, seja através da televisão ou dos jornais que o Júlio peixeiro vai deixando na taberna.
Com uma escrita depurada e repleto de termos que por terem caído em desuso ajudam a transportar-nos para a época e o local retratados, este é um livro de leitura agradável e um retrato do Portugal rural dos anos 60 e 70.
Nota ainda para o glossário existente no final do livro que é uma excelente ajuda para a leitura.

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